9.4.08

Música 2.0, oportunidade ou ameaça para o mercado?


Numa altura em que a distribuição fonográfica se está a alterar profundamente devido ao crescimento da música digital, cabe-nos lançar um olhar atento sobre esta realidade que já está a transformar o mercado. Esta transformação do mercado da música tem vindo a ser, desde há dez anos, tema de discussão e reflexão para quem desenvolve a sua actividade neste meio. As editoras e distribuidoras estão preocupadas com estas mudanças e os artistas não sabem o que esperar do futuro embora seja já um dado adquirido que a música está a entrar numa nova fase.




Nos Estados Unidos, é esperado um crescimento deste mercado de 600%, de dois mil milhões de dólares, em 2005, para quinze mil milhões, em 2010. Em Portugal, esta era digital já se faz sentir estimando-se que as vendas digitais correspondam a um mercado de quase dois milhões de euros, em 2008.





Efectivamente, as transformações são muitas e hoje, o ciberconsumidor, quer ter acesso à música de forma simples, barata e rápida. Este é o desafio da distribuição de música online, fazer chegar a música encarando-a cada vez mais como um serviço e não como um produto. É fundamental que as editoras e distribuidoras não centrem as suas atenções, exclusivamente, no combate aos downloads ilegais mas sim na apresentação de soluções que se adaptem a esta realidade emergente.





Ficando colados a um sistema de distribuição de música tradicional, centrado em grandes monopólios, exclusividade, restrição e protecção, as editoras e distribuidoras não se estarão a preparar para a Música na sua versão 2.0. Esta nova atitude tem obrigatoriamente de passar pela crescente aposta em merchandising, em experiências únicas e personalizadas online, em criação de conteúdos inovadores que atraiam o consumidor de forma a minorar os efeitos que se irão sentir com a redução do mercado de venda de música em formato físico. As lojas online iTunes, da Apple, e a americana Amazon são pioneiras nesta tendência de distribuição de música digital. Ambas perceberam que o consumidor não quer pagar por aquilo que não quer ouvir e que não quer ver as músicas que comprou protegidas limitando assim a sua utilização.




A tendência do mercado aponta para o grande crescimento de todas as áreas digitais não fugindo por isso à regra a música. Prevê-se, hoje, que dentro de um ano e meio, grandes redes wireless irão conectar os aparelhos pessoais entre si facilitando a presença da música, através de streaming, em qualquer lugar ou dispositivo, suportado por patrocínios e novas formas de publicidade e sem qualquer custo para o consumidor. O crescimento do mercado publicitário online é outra tendência que em tudo beneficia a música digital uma vez que, cada vez mais, esta fará parte deste mercado.





Parece-nos então importante colocar diversas questões: o que será da música tradicional em formato físico? Tenderá a desaparecer ou apenas a modificar-se como geralmente acontece quando novas invenções aparecem? Será a música digital apenas mais um formato? Ou irá marcar uma revolução no formato de distribuição de música?
São questões como estas que esperam uma resposta que só o mercado trará mas sabemos desde já que a Música 2.0 não é uma jovem promessa do mundo digital mas uma certeza cada vez mais presente.




3.5.07

NO LOGO! Um movimento pela causa que se opõe à globalização.



Naomi Klein começou o seu projecto, No Logo, em 1995 quando se apercebeu que tinha nascido um movimento político que pretendia controlar o crescente poder das multinacionais. Era sabido que nos anos 90 estavam a ocorrer grandes trocas a nível global que estavam ligadas ao livre comércio e a consolidações corporativas e que estas trocas não respeitavam as fronteiras de nenhum país.




Havia muita raiva, por parte das pessoas contra marcas como Mc Donald’s, Nike e Shell e o que a autora queria era perceber porquê, saber quais os motivos que originavam estas reacções negativas e o que as tornavam quase inevitáveis e o que fez com que estes jovens se insurgissem contra as multinacionais.




O que a sua investigação lhe mostrou foi esta ideia que tinha invadido o mundo corporativo, que não tinha raízes políticas, mas que tinha como base a noção de que se equiparavam as marcas a um estilo de vida determinado. Se as empresas queriam ter sucesso no mercado global elas teriam de perceber que os seus produtos não são apenas produtos mas sim ideias, estilos de vida, por exemplo calçado desportivo, bebidas ou computadores. A ideia de vender marcas em vez de produtos fez com que Naomi Klein chegasse a diversas conclusões. O assalto à esfera pública foi a justificação para o desenvolvimento de técnicas de marketing, cada vez mais criativas, dirigidas a jovens e para o aparecimento de mais queixas relacionadas com exploração dos trabalhadores, trabalhos temporários e diminuição da qualidade do trabalho, não só no mundo sub-desenvolvido mas também no desenvolvido.



Klein diz que estas forças convergem para um mercado sem espaço, sem escolha, sem emprego e sem marca.

Sem espaço- Sem espaço para "respirar" devido à explosão demográfica das marcas. Todos os produtos que anteriormente só eram comprados a nível local passaram a ser transportados em comboios, camiões e barcos e a serem produzidos em fábricas. Estas alterações transformaram por completo a relação vendedor/cliente que até ao século XX era feita, principalmente, por confiança mútua e que, a partir daí, passou a ser anónima.


Sem Escolha- Nós não nos podemos desligar da publicidade porque ela está em todo o lado, está nos autocarros, no metro, nas casas de banho públicas e mesmo em nossas casas. Para ela, o grande inimigo do Marketing, o telecomando, deveria poder utilizar-se também nestes casos para que se possa escolher o que se quer ver como na TV. Por outro lado, as séries de televisão, os filmes e as telenovelas que vemos estão também carregadas de conteúdo publicitário que pretende atingir o nosso pensamento de forma imperceptível por nós.
Devido à saturação do mercado, os profissionais do marketing procuram formam cada vez mais inovadoras para tentar captar a atenção das pessoas.

Sem emprego- Quando compramos uns ténis Nike, por exemplo, sabemos que não foi a Nike que os produziu mas sim uma qualquer fábrica perdida no meio do Vietnam ou da China. Desde a sede dos Estados Unidos até à fábrica da China, várias empresas sub-contratadas vão apresentando preços cada vez mais baixos e assim, o dinheiro que os empregados recebem diminui.
Este é um problema a que Naomi Klein chama Sem Emprego porque o desemprego aumentou devido à globalização das marcas. As marcas globais passaram as suas fábricas para a Ásia com o intuito de reduzir as despesas de produção ao máximo mas, se esta situação é positiva para a marca, o mesmo não se pode dizer em relação às pessoas que se veêm sem emprego e sem soluções para as suas vidas. De cada vez que uma empresa se muda, o desemprego aumenta drasticamente tornando esta situação insustentável.

Sem Marca- Podemos constatar que os nossos pares de ténis são globais, ou seja, passaram já por várias fases e por vários países em todo o globo.
Naomi Klein analisa os recentes activismos e vozes que se têm levantado contra a globalização e considera que cada indivíduo deve combater a globalização para que sejam criadas condições mais éticas e justas no comércio. Não se pode negar a importância da globalização mas esta deve, para Klein, ser feita noutros parâmetros. Como solução para este problema deveria alterar-se a forma como as leis do comércio são elaboradas um vez que estas têm em conta o que será bom para as empresas supondo que assim também será bom para as pessoas quando se deveria pensar nas leis de comércio tendo em conta a ética e a defesa das pessoas em primeiro lugar.



> Klein, Naomi; NO LOGO!; Relógio d'Água;2002





26.3.07

As "quase verdades" do Marketing!




No seu livro As Mentiras do Marketing, Seth Godin procura transmitir um conceito de marketing adaptado aos dias de hoje.



Os profissionais de marketing bem-sucedidos não mentem, são contadores de histórias. Os Marketeers de hoje devem contar uma história ao consumidor e, essa história deve ir ao encontro das expectativas do mesmo. Assim, devem contar histórias às quais queremos dar atenção e nas quais acreditamos.






Em suma, uma história bem contada é aquela que cria uma satisfação no consumidor.






"O poder de contar histórias verdadeiras num mundo onde mentir é lucrativo."





>Godin, Seth;As Mentiras do Marketing;Presença;2006

21.3.07

Nova Identidade! Valores renovados!

!PASSADO E FUTURO!
A Escola Superior de Comunicação está de cara lavada. Quinta-feira passada, a escola pertencente ao IPL (Instituto Politécnico de Lisboa) revelou aos seus docentes e alunos o seu novo visual e identidade gráfica. Propositadamente, deixei que toda aquela situação de novidade passasse para, hoje, poder fazer um comentário mais distante daquilo que vivi quando assisti à apresentação.
Pois bem, depois de uma análise muito desinteressada e desprovida de qualquer rigor científico considero esta mudança necessária e bastante bem conseguida. Se, ao início o novo logo me causou alguma dúvida, hoje creio que é o resultado de um bom trabalho que pretende transmitir a ideia de janela para o futuro aproveitando as formas quadradas características da ESCS.

Boa sorte à ESCS e que o futuro seja de facto justo com aqueles que trabalham para o receber da melhor forma.

20.3.07

APPM - Portugal Marketing Awards 2006


Está a decorrer o processo das nomeações referente aos Portugal Marketing Awards 2006. Brevemente serão anunciados os nomeados pela APPM, ao que se seguirá o processo de votação e de decisão final do juri nomeado para o efeito.A Gala dos PMA 2006, terá lugar em 9 de Maio do corrente ano.

Mais infos:

http://www.appm.pt

16.3.07

Neuro-Marketing, uma oportunidade ou um problema?

Neuro-Marketing.... Esse território ainda desconhecido! Ciência e Marketing aliados nesta batalha pela mente... A mente do consumidor está, segundo esta perspectiva, exposta de forma mais objectiva às influências das marcas e dos produtos. No futuro, será possível perceber o comportamento do consumidor de forma mais objectiva tendo acesso a certas áreas do cérebro que vão indicar as predisposições que cada um de nós tem perante marcas, produtos ou embalagens que conhecemos, ou não.
Esta questão do Neuro-marketing tem sido muito debatida e alvo de muitos estudos e trabalhos porque tem todo um potencial inimaginável que poderá resultar no controlo e manipulação “total” do consumidor. Por outro lado, têm também tido muita atenção os muitos problemas éticos que se levantam a uma operação deste tipo.
De qualquer forma, grandes empresas estão, já, a mostrar interesse no desenvolvimento desta área e, para isso, estão a investir milhões de dólares em pesquisas. Este obstáculo dos elevados custos junta-se às questões éticas e, por isso, iremos ter, lentamente, novidades acerca do NEURO-MARKETING.




Mudanças no Marketing!


É pela voz do Professor Luiz Moutinho da Universidade de Glasgow que Portugal tem tido acesso às novas ideias que começam a prosperar no Marketing. Não menosprezando o trabalho de outros professores e investigadores portugueses, o professor Moutinho parece-me uma pessoa com visão para o futuro. Para ele, os marketeers deviam olhar mais para os consumidores de forma que estes fossem “absorvidos” pelas marcas. Na conferência para estudantes de Marketing da APPM referiu um preocupante estudo europeu no qual os marketeers declaram que, na sua grande parte, se encontram afastados das grandes decisões estratégicas e citou um artigo do Economist, no qual se pode ler que mais de 200 biliões de dólares em publicidade não produzem qualquer efeito nas vendas. De forma a estruturar esta ideia, o professor considera que o planeamento de media deveria ser visto como um espelho que reflectiria uma reorganização do sector do Marketing e de todo o sector organizacional das empresas para que todos trabalhem de forma interdisciplinar e, desta forma, todos tenham um ponto central como objectivo comum; o consumidor.

Carlos Coelho - Uma genialidade do branding em Portugal



Quando, há uns meses, li o livro Portugal Genial, de Carlos Coelho, percebi logo que estávamos na presença de uma pessoa genial! Genial pela forma apaixonante como escreve sobre Portugal; genial pela forma como descreve o conceito de marca; genial pela forma como comunica com o leitor; em fim, genial por todo um conhecimento que transpira acerca de marcas.
Este trabalho de pesquisa acerca de 82 genialidades portuguesas, ou seja, 82 “marcas” que poderiam ou já representam Portugal no mundo relembra-nos o que por vezes esquecemos e elucida-nos acerca de “marcas” que são totalmente desconhecidas por nós apesar de serem portuguesas. O luto, Fátima, Calçada Portuguesa ou o Amor de Pedro e Inês são apenas algumas dessas “marcas” que, segundo Carlos Coelho, são fortes alicerces na sustentação do nosso país.
Portugal Genial foi apenas uma obra que me despertou o interesse para uma observação mais atenta do trabalho do seu autor que, quanto a mim, é uma das maiores referências para qualquer apaixonado pelo branding. Já tive o prazer de assistir a duas conferências que contaram com a sua participação e, posso dizer que, nas duas, fui igualmente surpreendido.



>Coelho, Carlos; Portugal Genial; Diário Económico; 2005; ISBN 972-99702-1-1

28.11.06

“Tudojunto” e “Se parado”

“Tudojunto” e “Se parado”

Porque será que tudo junto se escreve separado e separado se escreve tudo junto?
Será apenas mais uma coincidência ou incoerência da nossa língua?
Não interessa absolutamente nada, nem uma resposta a esta pergunta nos faria sentir melhor connosco mesmos, mas é verdade que se torna engraçado podermos brincar com as palavras e fazer pequenos jogos de oralidade como este. É como se a nossa língua se transformasse num puzzle que só faz sentido, para cada um de nós, se todas as suas “peças”, leia-se palavras, se ligarem plenamente, sem confusões de orientação, sentido, disposição ou utilização.
Sendo assim, cada palavra transporta um significado intrínseco que nos faz associar aquilo que ouvimos ou lemos a uma situação de uso da mesma. Por exemplo, o título da peça: “Falar Verdade a Mentir” faz com que haja um conflito na nossa compreensão do significado das palavras. Como é possível falar verdade e ao mesmo tempo mentir?
Os trocadilhos que todos gostamos tanto de dizer são também um bom exemplo de como se troca e confunde o significado que cada palavra assume na nossa mente.
Algo confuso? É natural porque o uso da palavra não é simples, a comunicação não é simples, a “boa” comunicação é complicada e a “excelente” comunicação é…