23.5.06

A Imperfeição da diferença


Num manso e singelo dia, em que o sol nasce para todos, mas não ao mesmo tempo para todos, em que o galo toca na cabeceira do palhal, em que todos se apreçam para a lavoura desenfreada e rotineira, tudo acontece como de costume. E uma certeza…, será assim sempre, todos os dias, até ao dia em que as certezas desaparecerem, como que por magia, do pensamento das pessoas. Uns correm por fé, outros por amor, outros por felicidade; uns matam por fé, por amor, por felicidade, nada é comum a todos, nada é notado da mesma forma, nem é conseguido da mesma forma por todos. O importante é que este dia rotineiro se repita todos e todos os dias porque é isto que traz existência às pessoas. Esta rotina carregada de diversidade depende do que torna cada um especial. Um Cristão é especial quando luta e mata pela fé, pela cruz. Um Muçulmano é especial quando luta e mata pela fé, pela aceitação por parte do seu deus. Um Herege é especial porque luta e mata sem motivo… Todos são especiais porque todos lutam por diferenças. As diferenças são dificilmente compreendidas porque a razão que motiva a diferença é ignorada ou desconhecida. É tão difícil compreender porque é que há povos que escravizam crianças, que se martirizam fisicamente, que abandonam os idosos em locais ermos, que procuram a felicidade matando indiscriminadamente, que fomentam guerras sem fundamentos… É tão difícil… Será igualmente difícil para nós compreender atitudes como abusar de crianças, sofrer fisicamente para cumprir uma promessa, abandonar os idosos em locais “ermos” como lares ou “casas de repouso”, roubar e passar por cima uns dos outros para conseguir o que se que, imaginar, sonhar com guerras e concretizá-las sem sequer haver um motivo, seja ele aceitável ou não, simplesmente sem motivo… Não seremos imperfeitos de mais?

09/02/06

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